Codependência Emocional: Como Encontrar o Seu Verdadeiro Eu

Você já se pegou vivendo para agradar os outros, sempre colocando as necessidades dos outros à frente das suas? Ou talvez tenha aquela sensação constante de que, se não fizer o outro feliz, será abandonado? Se isso soa familiar, pode ser que você esteja vivendo uma codependência emocional. Isso não é raro, e você não está sozinho. Muitas pessoas se encontram presas nesse ciclo de dependência emocional, sentindo que sua felicidade depende do quanto conseguem satisfazer o outro.

Vamos falar sobre isso e, mais importante, sobre como você pode se libertar dessa dor.

Por Que Isso Acontece?

Desde que somos bebês, dependemos das pessoas que cuidam de nós para nos sentirmos seguros. Donald Winnicott, um famoso psicanalista, explicou que, quando somos pequenos, precisamos que nossos cuidadores (geralmente a mãe ou quem cuida de nós) entendam e respondam às nossas necessidades. Quando esse cuidado é bom o suficiente, crescemos acreditando que somos importantes e que podemos ser nós mesmos.

Mas nem sempre as coisas acontecem assim. Às vezes, os pais ou cuidadores podem ser muito ausentes, não prestando atenção às nossas necessidades, ou muito controladores, fazendo com que a gente se sinta sufocado. Quando isso acontece, aprendemos a esconder quem realmente somos para agradar os outros e conseguir o carinho e a atenção que precisamos. Isso cria o que Winnicott chamou de “falso eu”, ou seja, uma versão de nós mesmos que criamos para sermos aceitos, mas que não reflete quem realmente somos.

Como Isso Se Manifesta nos Relacionamentos

Se você se encontra constantemente dizendo “sim” quando na verdade quer dizer “não”, ou se vive com medo de decepcionar ou ser rejeitado pelas pessoas que ama, isso pode ser um sinal de que você está funcionando a partir desse falso eu. Na prática, isso significa que você pode estar sempre tentando ser o que os outros esperam que você seja, deixando de lado seus próprios sentimentos e desejos.

Isso é exaustivo, porque você acaba se distanciando de quem realmente é. Viver dessa forma leva a uma sensação de vazio e baixa autoestima, porque, no fundo, você sente que as pessoas só gostam de você pelo que você faz por elas, e não pelo que você realmente é. Isso é uma armadilha, porque quanto mais você tenta agradar, mais se sente preso, ansioso e infeliz.

Como a Sua Criação Pode Ter Contribuído para Isso?

Winnicott acreditava que a maneira como fomos cuidados na infância tem um grande impacto na forma como nos relacionamos na vida adulta. Se seus pais ou cuidadores não foram emocionalmente presentes, talvez você tenha aprendido a suprimir suas emoções e necessidades para manter a paz ou para conseguir o pouco de atenção que recebia. Ou, se você teve pais muito controladores, pode ter aprendido que o amor só vem se você seguir as regras deles, o que faz você se sentir sempre dependente de agradar o outro.

Essas experiências da infância podem ter ensinado você a esconder o seu “verdadeiro eu” e a criar um “falso eu” que se molda ao que os outros querem, sempre com medo de ser rejeitado.

Como a Terapia Pode Ajudar?

A boa notícia é que existe uma maneira de sair desse ciclo e voltar a ser quem você realmente é. A terapia pode ser um lugar seguro onde você, aos poucos, vai aprendendo a reconhecer suas emoções, entender seus limites e resgatar sua verdadeira identidade.

Na terapia, você pode:

  1. Entender Suas Emoções: A terapia é um espaço onde você pode começar a prestar atenção às suas próprias emoções e necessidades, sem medo de julgamento. Ao se reconectar com seus sentimentos, você vai começar a perceber o que realmente quer e o que tem feito só para agradar os outros.
  2. Aprender a Colocar Limites: Uma parte importante do processo terapêutico é aprender a dizer “não” quando for necessário, sem sentir culpa. Isso não é fácil, mas com a ajuda de um psicólogo, você pode descobrir maneiras de colocar limites saudáveis nas suas relações.
  3. Redescobrir o Seu Verdadeiro Eu: Conforme você vai se desligando dessa necessidade de sempre agradar, vai começar a se conectar com quem você realmente é. E essa é a parte mais bonita: descobrir que você é suficiente por si mesmo, sem precisar da constante validação dos outros.
  4. Fortalecer sua Autonomia: A terapia vai ajudar você a se sentir mais forte, confiante e capaz de tomar suas próprias decisões, sem depender tanto da aprovação de quem está à sua volta. Isso vai permitir que você construa relações mais saudáveis, baseadas no respeito mútuo, e não na dependência emocional.

O Que Esperar Durante o Processo

Esse processo pode ser desafiador, mas também é extremamente libertador. No início, pode ser difícil soltar a necessidade de agradar o outro, porque isso provavelmente foi algo que você aprendeu a fazer para sobreviver emocionalmente. Mas, com o tempo e o suporte certo, você começará a sentir que pode ser você mesmo sem medo de ser rejeitado.

A sensação de ser amado por quem você realmente é – e não pelo que você faz pelos outros – é transformadora. Aos poucos, você vai perceber que suas relações podem ser mais equilibradas, que você merece respeito e que não precisa perder a sua essência para ser aceito.

 

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