Um casal intercultural é definido como a união entre duas pessoas de diferentes nacionalidades, que podem ou não incluir diferenças de raça, etnia, religião e língua. Essas relações, além de envolverem o encontro entre indivíduos, também trazem consigo o choque de valores, costumes e formas de enxergar o mundo. Isso pode ser, ao mesmo tempo, uma fonte de enriquecimento mútuo e de desafios significativos.
Quando um relacionamento intercultural floresce, surge também um desafio particular: onde termina o que é cultural e onde começa a essência da pessoa? Essa é uma questão que muitos casais enfrentam sem sequer perceber. Isso porque, normalmente, as pessoas não estão completamente conscientes do impacto da cultura nas suas atitudes e comportamentos. O que, à primeira vista, parece ser raiva ou indiferença no parceiro, muitas vezes pode ser apenas uma diferença cultural
Um relacionamento intercultural, como qualquer outro, passa por fases distintas, mas essas fases podem ser amplificadas pelas diferenças de costumes, valores e comunicação. Vamos explorar algumas dessas etapas:
- A Lua de Mel
No início do relacionamento, tudo parece perfeito. No entanto, à medida que a convivência se intensifica, as realidades culturais começam a se infiltrar de maneira mais profunda na relação.
- Fase de Assentamento
Com o passar do tempo, as diferenças começam a se evidenciar. O que antes era visto como “parte do pacote” pode se tornar motivo de frustração ou incompreensão. É comum que os casais interculturais passem por um período de questionamento: “Será que ele(a) é assim mesmo, ou isso é só uma questão de cultura?”
Nessa fase, é importante reconhecer que a cultura influencia profundamente a forma como enxergamos o mundo. Coisas simples, como o jeito de lidar com conflitos, expressar emoções ou até mesmo demonstrar afeto, podem ser moldadas pelas raízes culturais de cada um. Sem uma compreensão mútua, essa fase pode se tornar um campo de batalhas silenciosas.
- Parceiros de Vida
Alguns casais conseguem transcender essas diferenças, seja através de diálogos sinceros, seja por meio de ajustes mútuos. Eles começam a entender que o casamento intercultural é, na verdade, uma negociação constante, onde ambos precisam ceder em alguns pontos e respeitar os limites do outro. Nessa fase, as diferenças culturais não são mais fontes de conflito, mas sim elementos que enriquecem a relação.
No entanto, como destaca Helen Fisher no livro Anatomy of Love, nem todos os casais conseguem alcançar essa fase. Segundo ela, muitos relacionamentos acabam por volta do quarto ano de casamento, quando a excitação inicial se dissipa e os desafios reais da convivência aparecem.
O casamento, intercultural ou não, é uma jornada de constante adaptação e crescimento. Para os casais que vêm de culturas diferentes, essa adaptação pode ser mais complexa, mas também pode oferecer uma oportunidade única de crescimento pessoal e fortalecimento do vínculo.
Áreas de Conflito nos Casamentos Interculturais
Existem algumas áreas que são frequentemente citadas como fontes de problemas nos casamentos interculturais. Elas podem gerar conflitos devido às diferentes formas como cada cultura lida com esses temas:
- Lugar de moradia
- Política
- Sexo
- Papéis masculino e feminino
- Tempo
- Classe social
- Religião
Outros Fatores Relevantes
Educação dos filhos: A forma como cada parceiro deseja criar e educar os filhos pode ser bastante influenciada pela cultura e levar a grandes desacordos.
Idioma e comunicação: A barreira linguística ou a maneira de se comunicar pode dificultar a expressão de sentimentos e pensamentos de forma clara e empática.
Forma de responder ao estresse e conflitos: As culturas diferem significativamente em como as pessoas lidam com o estresse e resolvem conflitos. O que em uma cultura pode ser visto como uma resposta aceitável, em outra pode ser interpretado como frieza ou desinteresse.
Não é que toda diferença vai causar problema entre o casal intercultural, mas algumas questões que parecem simples para outros casais podem se transformar em grandes desafios para aqueles que estão em um relacionamento intercultural. A chave está em reconhecer essas diferenças e estar disposto a trabalhar em conjunto para superá-las.